terça-feira, 29 de junho de 2010

Recados de Dilma impactam Geddel, que silencia

Foi, inquestionavelmente, uma festa gigantesca com público estimado de 6 a 7 mil pessoas, a convenção do PT realizada domingo(27). A quantidade de gente presente, aliás, levou o PMDB a, mais uma vez, tentar uma de suas polêmicas com o PT. No twitter, assessores de Geddel Vieira Lima provocavam dizendo que a convenção do seu partido atraiu um numero maior de pessoas.

Uma balela. E uma tentativa de consolo. Mas, ainda que fosse verdade, os geddelistas tiveram que absorver os recados de Dilma Roussef.

Depois de comemorar estrondosamente a presença da candidata do PT à presidência da República na sua convenção, Geddel ficou sabendo que Dilma deu dois recados impactantes na reunião do PT que confirmou o governador Jaques Wagner candidato à reeleição.

Primeiro Dilma disse na entrevista coletiva à imprensa que falara com o presidente Lula antes de vir a Salvador e que Lula mandou dizer a Wagner que é para ele não parar de brigar e ganhar a eleição. Para autenticar o recado, Wagner foi tratado como Galego, o apelido pelo qual Lula trata o governador da Bahia, seu amigo pessoal há mais de 20 anos. A mensagem repercutiu forte na mídia.

O Correio da Bahia de hoje trouxe o assunto como matéria de destaque, com a manchete O troco do Galego. Referia-se ao fato de que depois do estardalhaço feito por Geddel comemorando a visita de Dilma a sua convenção, a sua ex-colega de ministério vem de novo à Bahia para deixar claro que o presidente Lula tem uma preferência clara pela reeleição de Jaques Wagner.

Faltava Dilma falar dela mesma, para dar o arremate, a ducha de água fria que Geddel não desejava. Em seu discurso na convenção, depois de longos elogios a Wagner, especialmente pela postura de apoio e solidariedade do governador da Bahia durante os momentos difíceis vividos por Lula no primeiro mandato, Dilma deu o recado que faltava. Disse que ela e Wagner estão no mesmo barco e continuarão nele.

E GEDDEL ACUSA O GOLPE

Em um dos momentos mais emocionantes, a candidata do PT a presidente da República afirmou que ela e Jaques Wagner são irmãos de alma e de projeto político. Mais clara impossível, diante da delicadeza que é o acordo nacional com o PMDB, que prevê “dois palanques” na Bahia. A confirmação da empolgação de Dilma com a convenção de Wagne ela postou no tweeter: “Senti uma energia muito forte na convenção do PT lá em Salvador. Axé, pessoal!”. Nem isso ela fez depois que visitou a reunião do PMDB.

Até agora não houve manifestação de Geddel sobre a vinda de Dilma à convenção do PT. Mas uma postagem do peemedebista – respondendo a um internauta em seu twitter – pode dar uma ideia de como ele foi impactado pelo que disse a ministra na festa de Wagner. “Não menosprezo força de ninguém.Mas vou buscar nas minhas a trilha p vencer eleições e implantar com garra,projeto efetivo pra BA”, escreveu Geddel, no que pode ser interpretado como a mensagem de quem entendeu bem os recados, afinal, ele sabe afinal que Dilma e Wagner são do PT e disputarão a eleição com o mesmo número 13.

Via: Notas da Bahia

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Dilma na Convenção do PT em Salvador-BA

O Bolsa Família deve prosseguir, sem retrocessos

por Nelson Pelegrino

Num ano eleitoral, os ataques ao Bolsa Família saíram de moda. Os mesmos que o classificavam de esmola, assistencialismo e demagogia agora prometem continuá-lo e até “aprofundá-lo”.

Por oportunismo eleitoral, seus detratores fizeram um recuo tático, mas a população sabe que a oposição, se dependesse só dela, acabaria com a iniciativa que colocou o tema da fome na pauta mundial. O Bolsa Família obteve resultados tão espetaculares que deverá ter prosseguimento no próximo governo, sob comando — esperamos — da candidata que representa a continuidade do governo Lula.

Além da justiça social com 12,9 milhões de famílias de brasileiros em situação de pobreza e extrema pobreza, o programa produz reflexos no conjunto da economia. Os números são robustos e comprovam o acerto do governo do PT e aliados: pesquisa recente mostrou que a expansão do valor total dos benefícios pagos pelo Bolsa Família entre 2005 e 2006, de R$ 1,8 bilhão, provocou um crescimento adicional do PIB de R$ 43,1 bilhões, e receitas adicionais de impostos de R$ 12,6 bilhões. Esse ganho tributário é 70% maior do que o total de benefícios pagos pelo Bolsa Família em 2006, que foi de R$ 7,5 bilhões.

Foi um dos fatores que ajudaram o Brasil a atravessar a crise mundial iniciada nos EUA em 2008. Os beneficiados transformam-se em consumidores, ajudando a estimular as economias locais e regionais. É extraordinário mecanismo de distribuição de renda, numa das sociedades mais desiguais do planeta. Para ter acesso ao programa, as famílias precisam se comprometer com a presença de suas crianças nas salas de aula, com a vacinação em dia e cuidados com as gestantes. Alunos cujas famílias recebem dinheiro do Bolsa Família apresentam melhores índices de aprovação e menos evasão escolar que os estudantes regulares da rede pública brasileira, segundo recente pesquisa do MEC.

Há facetas pouco conhecidas. O programa participa, junto com o Banco do Nordeste, de iniciativa de oferta de crédito para atender populações de baixa renda e do Programa Primeiro Passo, destinado a formar 180 mil profissionais de diferentes áreas — como pedreiros, azulejistas, eletricistas —, para atuar em obras do PAC. O treinamento profissional abre oportunidades para pais e mães que deixem de receber os recursos, capacitando-os para o mercado de trabalho. Cerca de 99,5% dos beneficiários fazem algum tipo de trabalho.

O índice de pobreza extrema no país, de 12% em 2003, caiu para 4,8% em 2008. No mesmo período, a desnutrição infantil recuou de 12,5% para 4,8%. Assim, questiona-se o ataque ao Bolsa Família pelo pré-candidato José Serra, para quem o programa “ajuda, mas não resolve” a questão do emprego. Ora, as pessoas moram em favelas e vivem na pobreza não porque querem, mas por circunstâncias. E o papel do Estado é tentar resolver seus problemas.

O Bolsa Família não é a única política social do governo Lula. Há a política de aumento real do salário mínimo (mais de 50% de elevação em sete anos e meio), programas como Luz para Todos, Pró-Uni etc. É uma obra social para ficar na história. Antepõe-se àqueles que se fecham numa visão egoísta, neoliberal e monetarista, como se as desigualdades sociais e históricas em nosso país fossem solucionadas apenas pelo mercado. Os dois mandatos de Lula têm a marca das políticas sociais, que devem prosseguir, sem retrocessos.

Nelson Pelegrino é advogado, ex-Secretário de Justiça Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia e é Deputado Federal pelo PT-Bahia

Por que o governo FHC deu errado

Por: Emir Sader
FHC teve a audácia de assumir o modelo neoliberal adotado por François Mitterrand, a partir do seu segundo ano de governo, e por Felipe Gonzalez, desde o começo. Acreditou no Consenso de Washington, de que qualquer governo “sério” teria que adotar as suas recomendações, não apenas cuidando dos desequilíbrios fiscais, mas centrando seu governo na estabilidade monetária.

A passagem dos governos Thatcher e Reagan aos de Blair e Clinton dava a impressão a um observador superficial que, qualquer que fosse o governo, o ajuste fiscal seria o seu eixo. Que haveria que terminar com os direitos sociais sem contrapartidas – como tinha feito Clinton, ao dar por terminado o Estado de bem estar social, instalado por Roosevelt.

Para isso, no Brasil, seria preciso atacar o Estado herdado de Getúlio e os movimentos sociais, que certamente defenderiam os direitos sociais a serem atacados, para recompor as contas públicas. Até ali, os tucanos tinham dado passos tímidos primeiro nessa direção, com o “choque de capitalismo” do Covas em 1989, passaram a atitudes mais audazes, como a entrada de uma avançada do partido no governo Collor – entre eles, Celso Lafer, Sergio Rouanet -, preparando o desembarque oficial, de que se salvaram pelo veto do Covas e pela queda do Collor.

Chamado pelo desorientado – até hoje – Itamar, FHC assumiu, eufórico, a globalização neoliberal como “o novo Renascimento da humanidade” (sic), nas suas próprias palavras. Era um destino inexorável, que a “atrasada” esquerda brasileira não percebia e seria esmagada pela nova onda. Seu vocabulário desqualificador das divergências, sua empáfia privatizadora, sua truculência ao mudar o nome da Petrobrás para torná-la um “global player” e privatizá-la, revelavam a auto- confiança daquele que representava a voz inteligente da “terceira via” nas periferias da vida, que convivia com Blair, Clinton e companhia nos seus ágapes globais.

Confiou-se de tal maneira de que o controle monetário, a partir da caracterização tentadora de que “a inflação é um imposto aos pobres”, que embora tivesse a sua mulher encarregada de políticas sociais – no estilo mais tradicional das primeiras damas -, o peso dessas nunca passou do figurino e do marketing, sem efeito algum que se contrapusesse à desigualdade social, acelerada no seu governo, uma vez passados os efeitos imediatos do controle da inflação. Um economicismo barato dominou seu governo – que ao contar com o coro unânime da imprensa, com a maioria absoluta no Congresso e com o apoio internacional, - acreditava no seu sucesso inevitável.

Afinal, Mitterrand e Felipe Gonzalez tinham se perpetuado por mais de uma década no governo dos seus países, Clinton e Blair gozavam também de grande popularidade, a adesão de forças tradicionais ao neoliberalismo parecia dar certo na Argentina, no México, no Chile. Não haveria alternativa ao Consenso de Washington e ao Pensamento Único, como havia previsto Margareth Thatcher – parecia estar plenamente convencido FHC, ainda mais quando foi reeleito no primeiro turno em 1998 – com pressa, porque a crise já era iminente e o Malan já negociava nova Carta de Intenções com o FMI, preparando-se para levar as taxas de juros, em janeiro de 1999 aos estratosféricos 48%, sem nenhum protesto do ministro José Serra.

Os primeiros anos da estabilização monetária foram os de auge de FHC, que lhe propiciaram um segundo mandato, mas naquele momento já havia iniciado seu declínio. As Cartas de Intenções do FMI, a profunda convicção nas teses do Estado mínimo, da predominância do mercado, nas privatizações, na abertura da economia, levaram o país a uma profunda e prolongada recessão, ao mesmo tempo em que o próprio sucesso do controle da inflação começava a desandar.

Serra não era o candidato da predileção de FHC, entre os dois travou-se uma dura guerra, quando a saúde afastou Covas da parada. Mas qualquer que fosse o candidato, teria perdido para Lula naquele momento. Serra tentou não arcar com o ônus do governo FHC e FHC tentou dizer que a derrota era do Serra e dele. Mas, abraçados ou não, os dois foram a pique.

Essa derrota pesa definitivamente sobre o destino tucano. Não tiveram capacidade de conquista de bases populares mais além da estabilidade monetária, até porque não tinham plano de retomada do desenvolvimento – palavra totalmente enterrada por eles – e de distribuição de renda. Foram derrotados pelo seu sucesso efêmero e artificial, financeiro, especulativo.

Hoje, quando a depressão da derrota – agora inevitável – domina o ninho tucano, os ataques, as cotoveladas e caneladas sobram para todo lado. Certamente consciente da derrocada do Serra, FHC se apressou a dizer, antes mesmo da divulgação da pesquisa do Ibope, que via com sérias preocupações as possibilidades do candidato tucano, apesar de que ele tinha “ajudado”. Deixava o cadáver para os outros, aqueles que tentaram esconde-lo, a ele e a seu governo. Imaginem-se as palavras que Serra deve ter reservado para FHC, que na hora da débâcle, lhe dá as costas.

A escolha do vice tornou-se um calvário. Não se trata agora de escolher um vice que consiga votos, mas um que tire menos votos e, conforme a indecisão foi aumentando a lista de pré-candidatos, descontente a menor gente. Chega-se ao que a pesquisa do Datafolha os tinha livrado, aparentemente: o de chegar a uma Convenção em queda livre nas pesquisas e sem o Aécio.

O governo FHC deu errado como o neoliberalismo deu errado. Sua derrota e a crise final dos tucanos representam isso. Por isso, a vitória da Dilma tem que ser a vitória da esquerda e do campo popular, da superação do neoliberalismo, do fortalecimento do Estado, do desenvolvimento econômico e social, do Brasil soberano, da construção de uma sociedade justa, solidária e próspera.

Não é preciso combater à sombra

Por: Mino Carta
Que alívio, o exército persa, perdão, a mídia nativa insiste em atirar fora do alvo

Pergunto aos meus aloprados botões por que o candidato tucano José Serra não sobe nas pesquisas a despeito de todos os esforços despendidos a seu favor pela mídia nativa e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No caso de FHC, refiro-me às informações de fonte respeitável, segundo as quais o príncipe dos sociólogos confessa ao pé de ouvidos tucanos o fracasso do seu empenho, maciço e infatigável, em prol do amigo de sempre. Amigo? Quanto à mídia, de que lado fica está na cara. E com que denodo, com que paixão.

Saiu na quarta-feira 23 a pesquisa CNI-Ibope e os números mostram que quem cresce é Dilma Rousseff. Acima do chamado empate técnico. Tivessem braços, os botões os abririam a 180 graus. Até tocar o firmamento. A manifestar todo o seu espanto. Disponho de botões muito sensíveis, bem mais do que eu, de sorte que, diante da minha expressão incolor, abalam-se a me submeter a um teste. O seguinte, que me apresso a repassar aos leitores.

Quem elaborou as perguntas abaixo e as dirigiu a quem? Primeira pergunta: “Por que para a democracia é positivo experimentar uma alternância de poder, depois de ficar oito anos na oposição?” Segunda pergunta: “Como o senhor conseguiu governar seu estado sem nunca sofrer derrota na Assembleia local e sem lançar mão de propinas e outras formas de coerção sobre deputados estaduais?”

Formuladas por quem? A) Veja; B) Time Magazine; C) Herald Tribune.
Dirigidas a quem? A) Franklin Delano Roosevelt; B) Ronald Reagan; C) José Serra.
Fiquei sem resposta. Eles gargalharam, como certos cães os meus botões conseguem rir. Com bons motivos. Haviam manipulado as perguntas para provocar minha dúvida e bondosamente esclareceram: a primeira pergunta fez referência explícita ao governo Lula. A segunda acrescenta a Prefeitura de São Paulo às conquistas do candidato tucano e fala em “mensalões”. Daí ficou fácil. Trata-se de perguntas feitas por Veja a Serra para uma entrevista das célebres páginas amarelas, publicada na edição datada de 23 de junho.

Primor de jornalismo engajado. Partidário. E também hipócrita. Como é do conhecimento do mundo mineral, a rapaziada alega independência, equidistância, isenção. Comovedor, neste sentido, o editorial do Estadão de 22 de junho, intitulado “A confissão do chanceler”. Cuida-se ali de malhar Lula e seu ministro Celso Amorim por terem saído para a mediação com o Irã, incentivados a tanto pelo próprio presidente Obama.

Extraordinário o rumo tomado pelo texto do jornal, a circum-navegar a lógica. Concorda com Amorim, segundo quem Brasília levou uma rasteira de Wash-ington, pois Obama, um mês antes da tentativa turco-brasileira em carta dirigida a Lula, diz textualmente que um acordo com Teerã “representaria uma oportunidade clara e tangível de começar a construir uma confiança mútua”.

Apesar do incentivo do presidente americano, reconhece o editorial, nos EUA “a linha-dura personificada por Hillary Clinton prevaleceu sobre os moderados da Casa Branca”. E então, onde fica a confissão do chanceler? Chegamos à conclusão de que vingou mais uma vez a prepotência do mais forte e que Obama enredou-se em um jogo indigesto, além da conta para ele mesmo. De todo modo, ainda neste caso, que jornalismo é este? Talvez valha como exercício de humorismo.

Às vezes me imaginei entre os 300 das Termópilas, a esperar no desfiladeiro pela investida fatal do exército persa. Parece-me agora que a história começa a ser escrita de forma oposta. Já me permiti comentar neste espaço o crescente fracasso dos persas, digo, da mídia nativa. Ficou claro em 2002, e mais ainda em 2006, que ela atira fora do alvo. A maioria a ignora e este é sinal peremptório de tempos diferentes. A habitual ofensiva contra o governo Lula, destinada agora a abalar a candidatura Dilma, atinge a obsessão e, frequentemente, beira o ridículo.

Somos diferentes daqueles que só prometem, afirma Dilma na convenção do PT-BA

Na convenção do PT na Bahia realizada ontem( 27), em Salvador, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, ressaltou a diferença do projeto de continuidade do governo Lula em relação à oposição. “Somos diferentes daqueles que só prometem e quando vai ver o que eles fizeram eles condenaram esse país a ficar de joelho diante do Fundo Monetário Internacional (FMI), eles deixaram esse país sem crescimento, sem emprego, sem política social, um país em que uma parte ficava às escuras”, disse a petista durante seu discurso.

A convenção formalizou a candidatura à reeleição de Jaques Wagner ao governo baiano e de Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB) ao Senado. O vice Wagner será Otto Alencar (PP). Cerca de 3 mil militantes foram ao Centro de Convenções de Salvador e comemoraram com muito axé e forró.

“A Bahia é um estado especial do Brasil. Na Bahia a gente sente a força, a energia e a alegria. É onde está o início, o meio e o fim da brasilidade. Aqui, começou o Brasil e as lutas pela nacionalidade”, afirmou, no começo de sua fala.

Ela lembrou ainda a proximidade do dia 2 de julho, data em que a Bahia comemora a libertação dos domínios do exército português em 1823. Dilma disse que a data lembra outra luta do povo baiano.

“Dentro da melhor tradição democrática e de luta da Bahia, nessa semana que antecede o 2 de julho, tem um momento muito especial que aconteceu há quatro anos, em que você, Jaques, saiu lá debaixo com a força do povo baiano para derrotar a oligarquia, demonstrando que ninguém coloca canga no povo baiano”, salientou.

Ela disse que tem certeza de que a militância e o povo têm consciência dos avanços do governo Lula e que o Brasil não pode regredir. “A militância diante desse projeto de transformação não vai deixar que o atraso volte, não vai permitir que andemos para trás, porque somos um tipo diferente de gente."

Segundo ela, "somos aqueles que primeiro fazem o necessário, depois fazem o possível e quando menos se espera fazem o impossível, até porque somos aqueles que nunca acham que o impossível é impossível”.

Fonte: www.dilmanaweb.com.br

O povo não é bobo...

A combinação Dunga-internet está prestando um serviço inestimável à nossa sociedade. Permitiu que o grito reprimido na garganta durante tanto tempo ganhasse novos caminhos e, acima de tudo, encontrasse eco tornando-o cada vez mais forte. São caminhos sem volta.

A arrogância com que a Rede Globo sempre tratou a sociedade brasileira tem volta. Basta uma oportunidade e toda a humilhação suportada pelo público durante mais de 40 anos vem à tona. É o que explica a reação imediata, realizada através da internet, ao editorial veiculado pela emissora na noite de domingo contra o técnico Dunga.

Trata-se do episódio mais recente de uma série iniciada lá no final dos anos 1970 e, ao que tudo indica, não acabará tão cedo. “Cala boca Galvão” ou “Cala a boca Tadeu (o jornalista que se prestou a servir de voz do dono)” são as versões modernas e futebolísticas do famoso “O povo não é bobo, fora a Rede Globo”, ouvido pela primeira vez nas ruas de São Bernardo e no estádio da Vila Euclides, durante a greve dos metalúrgicos do ABC, em 1979.

Foi lá que a mascara global começou a cair em público e o Jornal Nacional se desencantou para uma parte dos seus telespectadores, até então crentes de que o que ali se dizia era verdade. Mas como podia ser verdade se, eles operários em greve e seus familiares participavam de atos e passeatas gigantescas ao longo dia e, à noite, ao ligarem na Globo assistiam tudo enviesado e distorcido. Deu-se ai o desencantamento, ou o fim das ilusões mediáticas, pelo menos para essa parcela da população, a uma só vez personagem e espectadora da notícia.

A resposta à manipulação foi imediata. Ao voltarem no dia seguinte para cobrir a greve, as equipes da Globo passaram a ser hostilizadas e recebidas com bordão que se tornou famoso, usado depois em outras ocasiões: o povo não é bobo...

Presenciei aqueles cenas antigas e outra um pouco mais recente: a saia-justa vivida pelo pessoal da Globo, em 2001, numa passeata na Av. Paulista. Estudantes voltavam às ruas para protestar contra a criação da Alca, iniciativa dos Estados Unidos para institucionalizar a dependência absoluta da América Latina aos seus interesses. Várias emissoras mandaram equipes de reportagem para cobrir o evento, talvez não tanto pelo conteúdo da manifestação, mas pelo fato de ser inusitado. Já haviam se passado quase dez anos das últimas manifestações estudantis de rua, ocorridas ao final do governo Collor e essa, de 2001, era uma novidade.

Constatei na avenida Paulista o constrangimento dos repórteres, operadores de câmara e auxiliares da Globo. De todas as emissoras, eram os únicos que escondiam os seus crachás, colocando-os por baixo das camisas e dos casacos. Temiam hostilidades, conscientes da existência de uma imagem fortemente negativa da empresa junto à população.

O incômodo provocado pela Globo na sociedade brasileira, sentido por alguns de forma mais concreta, por outros mais difusa, não encontra muitos caminhos para se manifestar. Através da mídia é impossível diante do controle quase monopolista da própria Globo sobre a comunicação no Brasil.

As respostas da sociedade, até o episódio Dunga, se davam de forma artesanal, em protestos de rua – como na greve do ABC – ou em faixas, cartazes, vaias e bordões vistos e ouvidos de forma cada vez mais constante nos estádios de futebol.

A internet deu uma nova dimensão aos protestos. É impressionante o número de manifestações contrárias ao poder global que circula na rede. Além do protesto em si, essas mensagens vão aos poucos constituindo comunidades, cujos integrantes descobrem, nesses contatos, que os seus sentimentos não são isolados e pessoais. Ao contrário, são coletivos e sociais, fortalecendo suas convicções.

Curiosas são as reações da empresa, talvez surpresa com o abalo de sua soberba. De forma errática ataca o técnico da seleção em editorial procurando manter a empáfia, de outro assimila o refrão “cala a boca Galvão” tentando minimizá-lo e ainda coloca funcionários para dizer que as pessoas falam dela mas assistem aos seus programas, como se audiência fosse adesão.

O público sintoniza a Globo por absoluta falta de alternativa, dentro e fora da TV. Dentro, porque o que há de concorrência ou é semelhante à Globo ou ainda pior. Fora, pela falta de opções de cultura e lazer acessíveis a maioria da população brasileira. Não há amor pela Globo. Ninguém a chama de “tia”, como os britânicos fazem com a BBC, numa demonstração de afeto resultante de uma relação aberta e honesta.

Mas é preciso ressaltar que a combinação Dunga-internet está prestando um serviço inestimável à nossa sociedade. Permitiu que o grito reprimido na garganta durante tanto tempo ganhasse novos caminhos e, acima de tudo, encontrasse eco tornando-o cada vez mais forte. São caminhos sem volta.


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

Via: Carta Maior

domingo, 27 de junho de 2010

Aliança de Serra implode: adeus Maria Preá

Por Charles Carmo

Não se sabe por que motivo. Até hoje nunca se descobriu. O fato é que as notícias ruins têm muitos irmãos e eles costumam andar juntos. Raramente são vistos separados. As notícias ruins andam em bando.

A última sexta-feira (25/06) pareceu ser o dia do fim da oposição ao governo Lula. A sanfona da Dilma exprimia José Serra na pesquisa CNI/IBOPE. Serra deixava de ser oficialmente o favorito, embora já não o fosse há bem mais tempo. Pior. Serra passava a se preocupar em não perder no primeiro turno. Seria assim o início de sua campanha, num filme repetido e com desfecho manjado.

Dando razão à máxima que diz que tudo pode ser piorado, eis que o deputado Roberto Jefferson postou no Twitter a confirmação da escolha do senador Álvaro Dias (PSDB/PR) para a vaga de vice na chapa de José Serra.

A reação furiosa do DEM e a ameaça de deixar a aliança confirmam, por sua vez, que a escolha de Álvaro Dias como vice de Serra é uma inovação conceitual: a reunião que separa.

Agora o DEM dá um ultimato para que o PSDB anuncie outro nome, de dentro das tropas democratas, até a quarta-feira (30), data da convenção nacional da sigla em Brasília.

Difícil acreditar que o gesto de Roberto Jefferson foi uma empolgação de tuiteiro. Jefferson sabia no que estava mexendo e postou, para depois apagar, que o DEM era um “partido de merda”.

Na política, coincidências não existem.

O problema pode estar mais embaixo. Seguindo suas coordenadas podemos encontrar a motivação para a indiscrição de Roberto Jefferson.

Ganha corpo a teoria do fogo amigo. Parte importante da base de Serra está convicta da derrota. Mônica Bergamo trouxe à baila a notícia de que FHC jogou a toalha e admitiu a iminência da queda. Serra passou a ser um problema a ser administrado pela base oposicionista. Para muitos, seria preciso que esta eleição marcasse o fim da hegemonia serrista na oposição. Com Serra forte, mesmo na oposição à Dilma, não há espaço para a inovação e renovação da oposição, em um cada dia mais possível governo Dilma.

Em São Paulo, o apoio de parte significativa do DEM à candidatura de Aloizio Mercadante, que conseguiu reunir 11 partidos em sua aliança, mostra que outra parte do DEM pode estar se preparando para o pós-Lula, mas não do jeito que se imaginava. Prefeitos do DEM estão subindo no palanque de Aloizio Mercadante, sem medo de represálias. Esta outra parte do DEM buscaria se aproximar de Lula e Dilma desde já.

Os deputados, em pleno processo eleitoral, não amarrarão o seu destino ao de José Serra, que anda com toda pinta de candidato derrotado. Ainda mais sabendo que os maiores erros partiram do próprio Serra.

O vazamento de Roberto Jefferson e sua agressão pública ao DEM parece ser um gesto de um provocador. Uma ação calculada para causar a ira do DEM e, com ela, uma reação do partido. Ato contínuo, a reação dos outros partidos da aliança.

Pode estar sendo gestada uma operação para fritar Serra e criar as condições para uma debandada geral.

Para piorar, outras pesquisas vêm aí. Se estas confirmarem a dianteira de Dilma , como se diz na minha terra, “adeus Maria Preá”.

Via: O Recôncavo

Agora é oficial! Wagner, Otto, Lídice e Pinheiro aclamados candidatos



Por aclamação, foi escolhida a chapa majoritária Jaques Wagner, governador, Otto Alencar, vice, Walter Pinheiro e Lídice da Mata, senadores, após o término das convenções do PT, PC do B, PSB, PDT, PP e PRB, iniciadas por volta das 9 horas deste domingo, no Centro de Convenções da Bahia. A candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, esteve presente. O PSL, que também apóia Wagner e Dilma, ainda não fez sua convenção.

Dilma Rousseff afirmou que “a Bahia é um estado especial” e comparou a eleição de Jaques Wagner ao 2 de Julho. Ela ressaltou que, com Wagner, esteve ao lado do presidente Lula nos momentos mais difíceis do governo e que os três (ela, o governador e o presidente) são parceiros e irmãos de alma e de um mesmo projeto.

A ex-ministra disse ser portadora de um abraço especial do presidente ao amigo “Galego” e se comprometeu com a conclusão da ferrovia Oeste-Leste e com a instalação de estaleiros na Bahia, projetos que reconheceu serem arduamente defendidos pelo governador.

Candidato à reeleição, Wagner agradeceu o “despreendimento” de Otto Alencar, que deixou a cadeira de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para ser candidato a vice-governador em um novo projeto. O governador também agradeceu aos deputados Walter Pinheiro e Lídice da Mata, por abrirem mão de reeleições à Câmara Federal para concorrerem ao Senado, aos partidos aliados e à militância destes partidos e aos movimentos sociais. “A nossa chapa já ganhou de W.O., W de Wagner e O de Otto”, brincou o governador.

sábado, 26 de junho de 2010

Para ajudar Serra, mídia tenta valorizar Marina

Marina ajuda Serra

Mauricio Dias

A mídia se empenha em valorizar a candidatura da ex-ministra na tentativa de provocar o 2º turno

A imprensa tenta oxigenar a candidatura de Marina Silva (PV), que patina em torno de 10% em todas as pesquisas mais recentes de intenção de voto.

Cresce a convicção, no meio político, de que, sem ela no páreo, Dilma Rousseff (PT) poderia ganhar a eleição presidencial de José Serra (PSDB) ainda no primeiro turno.

O interesse da mídia pela candidatura de Marina sustenta a confiança nessa convicção. Não se pode acreditar que os jornais, tomados pela fé democrática, ajam somente para estimular a competição eleitoral.

Nas circunstâncias atuais, não há dúvida: o eleitor de Marina dará um voto para Serra. É um efeito colateral dessa decisão, um antídoto contra Dilma.

Mas, seja como for, a democracia exige respeito à escolha do eleitor. Cada um vota como quer. É preciso, no entanto, conhecer os efeitos políticos do voto.

Marina pode vir a ser um obstáculo para Dilma e, em consequência, linha auxiliar – involuntária, admita-se – de Serra. Neste momento, ela se coloca exatamente entre os dois: critica Dilma acidamente e, suavemente, critica Serra. Nessa posição pode ser facilmente triturada ao longo dos debates polarizados.

Em 2006, embora não houvesse o viés plebiscitário de agora, a disputa foi para o segundo turno em razão da dispersão do voto progressista: Heloísa Helena (PSOL) obteve 6,85% e Cristovam Buarque (PDT), 2,64%. Ambos partidariamente à esquerda do espectro político. Faltaram a Lula, que buscava a reeleição, um pouco mais de 1 milhão de votos para ganhar no primeiro turno. Isso, porcentualmente, significou 1,39% dos votos válidos.

A história eleitoral brasileira tem exemplos parecidos, que favoreceram a vitória de candidatos conservadores.
Um dos casos mais traumáticos para a esquerda foi a conquista do governo do novo estado da Guanabara pelo udenista Carlos Lacerda, em 1960. Ele obteve uma vantagem apertada sobre Sérgio Magalhães (PSB), de 2,6%. A derrota é atribuída à participação de Tenório Cavalcanti no pleito. Influente na Baixada Fluminense, Tenório, fatalmente, tirou votos certos de Magalhães.

Afinal, os pobres, por episódios como o do incêndio (provocado?) na praia do Pinto, na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio, e a matança de mendigos que apareceram boiando no rio da Guarda, na Baixada Fluminense, estavam escabreados com o lacerdismo. Os dois episódios foram parar na conta da administração Lacerda. Se não era verdade, a versão superou o fato.

Uma parte desse voto da turma do Brasil de baixo migrou para Tenório Cavalcanti, que tinha apoio do Luta Democrática, um influente jornal popular na ocasião. Seriam, naturalmente, votos de Sérgio Magalhães. Lacerda ganhou por isso.

A polarização hoje tende a ser maior e pode desidratar os votos que estão à margem do confronto PT versus PSDB. Além de Marina, há dez outros postulantes que, somados, não alcançarão mais do que 3% dos votos. É o cálculo que fazem os institutos de pesquisa. Se o porcentual de Marina não minguar, haverá segundo turno.

Esse viés plebiscitário que Lula sempre buscou e que a oposição sempre temeu deve estimular o eleitor, em outubro, a evitar a cabine eleitoral pela segunda vez.

Mesmo sem o uso de uma bola de cristal é possível prever a volta da campanha pelo voto útil, estimulada pelos petistas.

Fonte: Carta Capital

Alvaro Dias vira "fogo-amigo" tucano e abre crise com Demos

O DEMos entraram em pé de guerra com os tucanos, com a indicação de Álvaro Dias (PSDB/PR) para vice.

Rodrigo Maia (DEMos/RJ) e Jorge Bornhausen (DEMos/SC), vetaram a indicação tucana. Alegam que, se os tucanos querem resolver o palanque do Paraná, que lancem Beto Richa para o senado, e componham com o irmão de Alvaro Dias para governador.

Ronaldo Caiado (DEMos/GO) diz que "Isso é uma agressão completa aos Democratas". Em seu twitter está detonando:

"... Com um aliado desse, o Democratas não precisa de inimigo. Vou defender dentro da executiva o fim da aliança com o PSDB...

... O Democratas soube da possível escolha de @alvarodias_ pela imprensa. Não tiveram coragem de nos comunicar...

... Se na campanha nos tratam assim, imaginem se o PSDB ganhar a campanha? ..."

Cabra marcado para perder

A indicação de Alvaro Dias pela própria cúpula tucana, está com forte cheiro de fogo amigo.

Os adversários internos de Serra dentro do PSDB, estariam usando o Paraná para levar Serra a uma derrota acachapante, que reduzisse a liderança e influência dele dentro do PSDB a zero, depois de 2011.

Só isso explica políticos experientes como Aécio Neves, Tasso Jereissati, Geraldo Alckmin apoiarem o nome de Álvaro Dias, que, todos sabem, não agrega nada à candidatura de Serra, pelo contrário, ainda isola mais e espanta apoios.

Uma chapa José Serra - Alvaro Dias, é a chapa dos sonhos dos aliados de Dilma. Praticamente assegura vitória no primeiro turno.

Esse negócio de puro-sangue, abre caminho para as bases dos partidos de oposição traírem Serra, sem qualquer cerimônia. Sectária, isola o eleitorado de Serra aos anti-Lula irremediáveis. Abre uma fenda não só entre o Norte/Nordeste e o Sul, mas reforça a imagem do "paulicentrismo" com a escolha de um vice vizinho de São Paulo (do Paraná), colocando todo o resto do Brasil sub-representado. Até mesmo outros estados do Sul, como o RS, estão cansados da concentração de poder nacional em São Paulo.

Abre crise até onde menos se esperava: com o DEMos, que perdeu muito cacife eleitoral, mas ainda tem um grande horário na TV.

Os punhais dentro do PSDB andam afiados. Não querem apenas que Serra perca. Querem que a derrota seja acachapante, para que ele não seja candidato nem a vereador de São Paulo, nas eleições de 2012.

Via: Os Amigos do Presidente Lula

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Rede Globo é alvo de "vuvunzelazo" na internet

A briga entre Dunga e a Globo mostrou que as grandes empresas midiáticas não estão falando mais sozinhas e perderam a legitimidade auto-atribuída que os apresentava como porta-vozes dos anseios, interesses e desejos da sociedade. Há quem diga que é muito barulho por uma questão envolvendo um campeonato de futebol. Na verdade, é muito mais do que isso. Os palavrões e o “destempero” de Dunga serviram ao menos para mostrar que há muitas vozes gritando do lado de cá da tela. E, nesta semana, essas vozes fizeram tanto barulho quanto as vuvunzelas. A Globo que o diga.

A Globo não está mais falando sozinha no Brasil. A chamada grande mídia não se esgota na Rede Globo, é verdade, mas esta simboliza a hegemonia do modelo midiático concentrador e excludente construído no Brasil ao longo das últimas décadas. A briga envolvendo o técnico da seleção brasileira e o maior conglomerado de comunicação do país deu visibilidade a esse novo cenário. O chamado para um "Dia sem Globo", convocado via twitter para esta sexta-feira, foi um movimento inédito no país, nos termos em que aconteceu. A ordem era não ver o jogo da seleção brasileira contra Portugal pelos veículos da Globo. Moveu ponteiro na audiência da emissora? Nada dramático, segundo os indicadores oficiais de audiência, mas algo parece ter se movido.

O blog Noticias da TV Brasileira divulgou os seguintes números dos índices de audiência das emissoras concorrentes da Globo no horário do jogo desta sexta-feira entre Brasil e Portugal:

“A Band obteve hoje com a transmissão do jogo Brasil X Portugal o seu melhor resultado de audiência até agora na Copa do Mundo: pela prévia do Ibope, média de 13 pontos. Nos dois primeiros jogos do Brasil a média da emissora tinha sido de 10 pontos. O resultado de hoje mais uma vez garantiu à Band o segundo lugar isolado. No horário do jogo, SBT deu 1,1, Record 0,9 e Rede TV 0,1.”

Luiz Carlos Azenha, por sua vez, informou no Vi o Mundo que os números preliminares do Ibope para a Grande São Paulo indicam um aumento na audiência tanto para a Globo quanto para a Bandeirantes em relação ao jogo anterior do Brasil na Costa do Mundo, domingo passado. “Na estreia do Brasil, a Globo cravou 45 pontos, contra 10 da Band. No terceiro jogo, entre Brasil e Portugal, os números preliminares indicam que a Globo obteve 44 pontos de média, contra 13 da Band”. No entanto, o “share” da TV Globo caiu (porcentagem de sintonizados na emissora sobre o número total de televisores ligados), de 75% no primeiro jogo para 72% no segundo e, agora, para 67%. O “share” da Bandeirantes, por sua vez, iniciou com 16%, passou para 17% e chegou a 20% no jogo contra Portugal. Todos esses números, adverte Azenha, são preliminares e se referem apenas à medição automática do Ibope na Grande São Paulo.

Mas a principal novidade desse episódio não é audiência da Globo ou da Bandeirantes, mas sim a exposição pública de um tipo de prática midiática (de manutenção de privilégios) que não era conhecido pela imensa maioria da população. Na terça-feira desta semana começaram a surgir os primeiros relatos (dos jornalistas Bob Fernandes, no portal Terra, e de Maurício Stycer, no UOL) sobre o conflito ocorrido no domingo entre Dunga e a Rede Globo. Segundo esses relatos, Dunga não aceitou dar à Globo acesso privilegiado a jogadores da seleção para a realização de entrevistas exclusivas. Essas entrevistas teriam sido negociadas diretamente pela Globo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Dunga não gostou e vetou.

A imensa maioria dos jornalistas condenou o modo como Dunga reagiu, proferindo palavrões durante a coletiva após o jogo contra a Costa do Marfim. No dia seguinte, o episódio parecia que ia somar para um suposto aumento do desgaste da imagem de Dunga. Mas não foi isso que aconteceu. A repercussão do caso na internet indicou que a maioria dos internautas estava ficando com Dunga e contra a Globo. As enquetes nos portais esportivos e as seções de comentários nestes espaços mostravam um amplo apoio para o técnico contra a emissora. Ainda na terça,
Internautas começaram a propor um boicote nacional à TV Globo na sexta-feira. Na madrugada de terça-feira, cresceu no twitter o chamado para um #diasemglobo, que convidava as pessoas a verem o jogo entre Brasil e Portugal, sexta-feira, em qualquer outra emissora que não a Globo.

A reação da Globo e de seus parceiros
A alergia à crítica da Globo e de suas empresas parceiras provocou cenas curiosas, como a consulta à distância a psicanalistas para diagnosticar problemas mentais no treinador. Os jornais O Globo, no Rio de Janeiro, eZero Hora, em Porto Alegre, publicaram matérias quase idênticas.

O primeiro noticiou, dia 22 de junho, em matéria assinada por Fernanda Thurler: “E se o destempero entrar em campo – Psicanalista teme que atitude exaltada do treinador seja incorporada pelos jogadores ”. Na mesma linha, ZH disse, em matéria de Itamar Melo: “Especialistas analisam Dunga”. Praticamente a mesma matéria. Só mudaram os psicanalistas ouvidos. No caso do Globo, Alice Bitencourt e Chaim Katz. A ZH foi de Mario Corso, João Ricardo Cozac e Robson de Freitas Pereira.

O jornalista Leandro Fortes apontou, em seu blog Brasília, eu vi, o surgimento de uma nova era Dunga e uma de suas primeiras conseqüências: o fim do besteirol esportivo. Ele escreveu:

“O estilo grosseiro e inflexível de Dunga desmoronou esse mundo colorido da Globo movido por reportagens engraçadinhas e bajulações explícitas confeitadas por patriotadas sincronizadas nos noticiários da emissora. Sem acesso direto, exclusivo e permanente aos jogadores e aos vestiários, a tropa de jornalistas enviada à África do Sul se viu obrigada a buscar informações de bastidores, a cavar fontes e fazer gelados plantões de espera com os demais colegas de outros veículos. Enfim, a fazer jornalismo. E isso, como se sabe, dá um trabalho danado”.

O fato é que a Globo e as grandes empresas midiáticas não estão falando mais sozinhas e perderam a legitimidade auto-atribuída que os apresentava como porta-vozes dos interesses, anseios e desejos da sociedade. Eles não são esses porta-vozes. O número de porta-vozes da sociedade aumentou significativamente e eles estão se valendo das novas ferramentas tecnológicas para expressar suas opiniões. Há quem diga que é muito barulho por uma questão envolvendo um campeonato de futebol. Na verdade, é muito mais do que isso. Os palavrões e o “destempero” de Dunga serviram ao menos para mostrar que há muitas vozes gritando do lado de cá da tela. E, nesta semana, essas vozes fizeram tanto barulho quanto as vuvunzelas.

PT mostrou que é bom de luta, de voto e sabe governar, diz Dilma em Sergipe

A candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, particpou na noite do dia 24, da Convenção Estadual do PT em Sergipe.

Dilma abriu seu discurso afirmando que estava muito feliz por estar em Aracaju no dia de São João. Ela apontou as qualidades do PT desde sua criação. “O PT tem aliados especiais e valorosos. E mostrou ao longo de décadas que é um partido bom de luta, bom de voto e bom de governo, que sabe governar. Esse nosso partido tem raiz, tem força e tem história. Sobretudo esse calor e essa força de seus militantes”, disse para a comemoração dos militantes.

Dilma afirmou que tinha muito a agradecer ao povo de Sergipe por ter aberto mão da candidatura do presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, à Câmara Federal para coordenar a campanha à presidência e o PT nesse ano de eleições.

“Eu devo um agradecimento imenso ao PT de Sergipe e ao povo de Sergipe. Vocês me cederam um militante excepcional. Eu não posso abrir mão do Zé Eduardo, eu preciso da capacidade de trabalho, da força e da lealdade do Zé Eduardo”, disse.

Ela também não poupou elogios ao governador Déda e disse que os dois estão em sintonia com os interesses pelo Brasil. “Nesse dia de São João, Déda, nós dançamos a mesma dança e cantamos a mesma música, porque queremos a mesma coisa para o Brasil. Um país forte e desenvolvido, não porque a economia cresceu, mas porque o seu povo cresceu”, disse.

Dilma lembrou as ações do governo Lula para o campo e recebeu aplausos dos representantes do movimento que estavam na plateia. “O presidente Lula também vai deixar o governo tendo feito a maior distribuição de terras que esse país viu”, disse sob aplausos. E continuou: “A quantidade de terras que o Lula concedeu para as famílias de sem terra é quase do tamanho de países da Europa. Além disso, ele providenciou financiamento, assistência técnicas e tratores. Vamos continuar a ampliar tudo o que foi feito pelo presidente”.

Ao final, ela ressaltou a força das mulheres. “Nós mulheres temos uma grande força, é a força de quem sempre cuidou de sua família, de seus filhos, seus irmãos, sempre incentivou e sempre procurou o melhor para aqueles que a cercam. Por isso, podemos dizer que o Brasil está preparado para ter uma mulher presidente e as mulheres estão preparadas para governar o país”.

Fonte: www.dilmanaweb.com.br

Dunga dá uma surra na TV Globo

Por Rodrigo Vianna

Dunga dá uma surra na TV Globo: os meninos mimados perderam privilégios

A política suicida da Globo parece não ter limites. Primeiro foi na cobertura política. Depois de anos de esforço para superar a marca de emissora golpista e manipuladora (esse esforço se deu na gestão de Evandro Carlos de Andrade como Diretor de Jornalismo, e com a participação ativa de Amauri Soares na sucursal de São Paulo), a Globo mostrou as garras na eleição de 2006. Acompanhei tudo de perto; eu era repórter de política na Globo, e estive no grupo de jornalistas que internamente não aceitaram a linha de cobertura adotada pela emissora. Por causa disso, saí da Globo, e expus meus motivos numa carta interna aos colegas de Redação; carta essa que acabou vazando na internet – http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1309377-EI6584,00.html.

Agora, a direção da Globo empurra a emissora para o suicídio também na cobertura esportiva. A Globo manda no futebol brasileiro. Isso todo mundo sabe. Muitos clubes sobrevivem da grana que a Globo adianta, como pagamento por “direitos de transmissão”. A Globo sempre teve, também, privilégios na cobertura da seleção brasileira. Todo jornalista sabe disso. Aqui na África do Sul, um colega lembrava da Copa da França, em que a Globo tinha uma “salinha” exclusiva para as entrevistas com jogadores. Tudo acertado com a CBF. As outras emissoras esperneavam, e a Globo manobrava nos bastidores. Com habilidade.

Pois bem. A atual direção da Globo resolveu explicitar as coisas. Fez um striptease público. Tudo porque o técnico Dunga decidiu acabar com as “salinhas” da Globo. No domingo, Dunga brigou com o Alex Escobar (comentarista da Globo). O motivo? Escobar queria entrevistas exclusivas com jogadores, e Dunga vetou. O jornalista Mauricio Stycer conta tudo aqui - http://copadomundo.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/06/22/globo-negociou-entrevistas-com-ricardo-teixeira-mas-dunga-vetou.jhtm.

No passado, a Globo manobraria nos bastidores, e talvez arrancasse alguma concessão de Dunga. Mas a arrogância (e a burrice) da atual direção da emissora não tem limites. Resolveram fazer um editorial contra o Dunga! É tudo muito didático para o público…

É como se houvesse um menino rico acostumado a comer sempre o primeiro pedaço do bolo nas festinhas da escola. Um dia chega o professor novo e diz: “você pode ser rico, mas aqui tem que pegar fila pra comer o bolo”. O menino rico, em vez de avisar o pai e manobrar em silêncio pela demissão do professor, resolve chorar no meio do pátio, e ainda pendura um manifesto na porta da escola: “eu sou rico, tenho direito ao primeiro pedaço do bolo”.

O menino rico, e mimado, joga a escola inteira contra ele. Talvez consiga a demissão do professor. Mas a comunidade inteira agora sabe que esses privilégios existem.

A Globo conseguiu isso. Na guerra entre Globo e Dunga, o Brasil fica ao lado do técnico.Vejam a enquete do UOL sobre o assunto: o Dunga dá uma surra na Globo –http://noticias.uol.com.br/enquetes/enquete.jhtm?id=8524#r

O povo não aguenta mais a arrogância da Globo. Os Marinho vão pagar caro por ter dado poder a gente como Ratzinger e sua turma.

Mas o Dunga que se cuide. A Globo vai tentar triturá-lo. Diante da primeira derrota, ele será demolido. O Dunga devia bater um papo com o Lula…

Via: O Escrevinhador

A OFENSIVA DO AGRONEGÓCIO CONTRA O POVO BRASILEIRO

O Brasil é alvo de uma ofensiva do grande capital, articulado pelas empresas transnacionais e pelos bancos, dentro de uma aliança com os latifundiários capitalistas, que criaram um modelo de organização da agricultura, chamado de agronegócio.

A partir da segunda metade da década de 90 - e mais ainda depois da crise do capitalismo internacional -, grandes corporações internacionais, financiadas pelo capital financeiro, passaram a avançar sobre a agricultura brasileira: terras, água e sementes, produção e industrialização de alimentos e na comercialização de agrotóxicos.

Nesse processo, o agronegócio tenta impedir o desenvolvimento da pequena agricultura e da Reforma Agrária e consolidar o seu modelo de produção, baseado na grande propriedade, monocultura, expulsão da mão-de-obra do campo com o uso intensivo de máquinas, devastação ambiental e na utilização em grande escala de agrotóxicos.

Compra de terras por empresas estrangeiras

Dados do Incra apontam que nos últimos anos foram vendidos pelo menos 4 milhões de hectares para pessoas e empresas estrangeiras. Isso prejudica os interesses do povo brasileiro e debilita a soberania nacional sobre os nossos recursos naturais. O governo federal demonstrou preocupação com essa ofensiva, até porque as empresas usam subterfúgios para desrespeitar a legislação em vigor. Um diretor da empresa finlandesa de papel e celulose Stora Enso admitiu que criou uma empresa no Brasil para burlar a lei, comprar ilegalmente 46 mil hectares na fronteira sul do país e implantar o monocultivo de eucalipto.

Só no setor sucro-alcooleiro, por exemplo, empresas transnacionais já compraram 30% de todas as usinas com suas fábricas e terras. No entanto, isso ainda não aparece nos cadastros do instituto, que apresenta números sub-estimados. Esperamos que o governo cumpra a sua promessa e aprove o quanto antes a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para impedir a compra de terras por estrangeiros, inclusive com a anulação dos títulos das terras já vendidos.

Arroz transgênico da Bayer

Nas últimas semanas, o agronegócio tenta avançar com seu projeto para a agricultura brasileira em duas frentes: mudanças no Código Florestal Brasileiro e na liberação do arroz transgênico. Enquanto a flexibilização da lei ambiental viabiliza o desmatamento para a expansão do agronegócio, os transgênicos passam o controle das sementes dos agricultores para a propriedade privada de cinco empresas transnacionais. Com isso, Bayer, Basf, Monsanto, Cargill e Syngenta criam patentes e impõem os royalties àqueles que produzem.

Os movimentos camponeses, ambientalistas e entidades de direitos humanos tivemos uma vitória importante com a pressão social e política contra a liberação do arroz da Bayer, que retirou a proposta da pauta de votação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), nesta quinta-feira. Essa variedade de arroz, por causa do consumo popular, não está liberada em nenhum país do mundo - nem nos Estados Unidos nem na Alemanha (país de origem da Bayer). Felizmente, No entanto, foi um recuou momentâneo da transnacional das suas pretensões e precisamos ficar atentos para acompanhar as suas movimentações.

A aprovação do arroz transformaria o Brasil em uma cobaia. Os impactos de liberação da transgenia no arroz, que está na mesa dos brasileiros no almoço e no jantar, seriam extremamente negativos. Em primeiro lugar, não há estudos que atestem que não há prejuízos à saúde humana do consumo de transgênicos.

Em segundo lugar, os produtores de arroz tradicional poderão ter suas colheitas contaminadas pelo arroz Liberty Link. Nos Estados Unidos, testes contaminaram pelo menos 7 mil produtores de arroz, que processam a Bayer pelos prejuízos. Com isso, poderíamos ter a conversão de todas as lavouras tradicionais de arroz em transgênicas. Além disso, mesmo sem comprar essas sementes, os camponeses teriam que pagar royalties à empresa alemã.

Em terceiro lugar, aumentaria a utilização de venenos nas lavouras do nosso país, que utilizou 1 bilhão de litros no ano passado, ocupando o primeiro lugar no ranking mundial. Há pesquisas que demonstram que o glufosinto, utilizado nas pulverizações da variedade desenvolvida pela Bayer, é tóxico para mamíferos e pode dificultar a atividade do cérebro humano.

O médico Wanderlei Antonio Pignati, doutor em saúde e ambiente, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso explica que as grandes indústrias fazem sementes dependentes de agrotóxicos e fertilizantes químicos porque também são produtoras desses venenos.

O recuo da Bayer representa uma pequena vitória da sociedade brasileira, principalmente porque demonstra que é possível enfrentar e impor derrotas às empresas transnacionais.

Mudanças no Código Florestal

Em relação ao Código Florestal, a votação do relatório apresentado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) está prevista para o começo de julho. O texto do projeto de lei beneficia os latifundiários do agronegócio, com a abolição da Reserva Legal para agricultura familiar, a possibilidade de compensação fora da região ou da bacia hidrográfica e a transferência da responsabilidade de definição da legislação ambiental para os Estados e Municípios.

Mais preocupante para a Reforma Agrária é a anistia a todos os produtores rurais que cometeram crimes ambientais até julho de 2008. Áreas que não cumprem a função social e, de acordo com a Constituição, deveriam ser desapropriadas e destinadas para os trabalhadores rurais sem-terra, continuarão nas mãos dos latifundiários. Ou seja, com a aprovação do novo código, o Congresso Nacional modificará a Constituição apenas para atender os interesses daqueles que monopolizam as terras em nosso país.

Enquanto as empresas do agronegócio comemoram discretamente, os ruralistas estão eufóricos com a possibilidade de legitimar o desmatamento já realizado e abrir a fronteira agrícola sobre as nossas florestas e áreas de preservação. O que não se esperava mesmo era que os setores mais conservadores encontrassem nesse ponto um apoiador fora do ninho, que mereceu até mesmo elogios da senadora Kátia Abreu (DEM), que há pouco tempo tentava se cacifar para ser candidata a vice-presidente de José Serra (PSDB). Uma vez que Kátia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e porta-voz do setor mais reacionário dos latifundiários, é a principal defensora dessas mudanças, fica evidente quem se beneficiará com as propostas do deputado Aldo Rebelo.

Até agora, muitas vozes se levantaram contra essa proposta, como as igrejas, entidades ambientalistas, parte importante do movimento sindical e movimentos populares, especialmente a Via Campesina Brasil, que manifestaram repúdio ao projeto. Um abaixo-assinado colheu milhares de assinaturas para sensibilizar o Congresso, parlamentares progressistas pediram vistas ao relatório e o Ministério do Meio Ambiente se colocou contra as propostas. O próprio governo, cujo o partido político do deputado Aldo Rebelo compõe a base parlamentar, veio a público para criticar o projeto.

Esperamos que a pressão da sociedade consiga evitar a destruição da legislação ambiental e a devastação do conceito de função social da propriedade, que determina a realização da Reforma Agrária. Em vez de acabar com o Código Florestal, precisamos manter os seus princípios e aperfeiçoá-lo, preservando a natureza em benefício de toda a população e das gerações futuras.

SECRETARIA NACIONAL DO MST


Via: Site do MST

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dunga também peita a Globo

A escolha de Dunga como técnico da seleção brasileira foi feita rapidamente, quando ainda estava fresca a vergonhosa derrota para a França, quando um Zidane prestes a despedir-se do futebol, deu um lindo baile no time brasileiro. Neste, Parreira quis surfar no sucesso da copa anterior e manteve um time envelhecido – de que os superados Cafu e Roberto Carlos eram as expressões mais claras, laterais já sem capacidade de apoio e de volta para marcar. O segredo estava no quarteto Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e Kaká. Bastaria que dois jogassem bem, para que estivesse, garantidas nossas vitórias.

O time naufragou desde o começo, nunca jogou bem, se esperava sempre que finalmente o time realizasse o futebol que potencialmente possuíam, o que nunca aconteceu. A barriga de Ronaldo – que não se deu ao trabalho de emagrecer nem umas gramas -, a falta de vontade de jogar de Ronaldinho, foram os símbolos daquele fracasso.

Nem bem terminou o jogo – em que Roberto Carlos foi crucificado, com razão, ao estar arrumando as meias, deixando Henri livre para marcar, num resultado magro pelo domínio total dos franceses -, a CBF quis apagar os ecos do fiasco e nomeou Dunga encima do balanço consensual – e fácil – da imprensa: tinha faltado raça. Foram buscar quem tinha significado a raça em estado puro, nas seleções anteriores, mesmo se nunca tivesse sido técnico: Dunga.

Uma nomeação assentada em uma ilusão, que segue sendo repetida: o Brasil tem o melhor futebol do mundo, revela craques como ninguém, a todo momento. O quarteto não teve disposição de jogar – Kaka apenas se esforçou, Robinho entrava no final, -, o diagnóstico quase foi de que fomos derrotados por excesso de craques. Zidane passeou pelo Brasil, dando chapéus a torto e a direito, diante de um time incapaz de qualquer genialidade. Mas a dose de raça viria em dose dupla e isso bastaria para voltássemos a ter o melhor time do mundo.

Dunga assumiu como se esperava, com o discurso da linha dura do “orgulho” que todo jogador deveria ter de estar na seleção – no estilo da “pátria de chuteiras”, da disciplina e da entrega à seleção. Sabia-se se Ronaldo estaria fora – pela falta de disposição para colocar-se em forma – e Ronaldinho estaria a perigo, pela fama de “baladeiro”. Adriano teria sua chance, assim como Robinho, enquanto Kaká seria o modelo de comportamento do jogado da Era Dunga – agora como técnico.

Mas Dunga impôs a disciplina também em outro plano. Na seleção de Parreira, a Globo deitava e rolava. Chegou a montar um estúdio inteiro na concentração, em pleno Campeonato Mundial e transmitia, a seu bel prazer, todo o cotidiano dos jogadores, desde que se levantavam até que dormissem. Era uma festa para a Globo.

No mesmo sentido do espírito que buscou impor, Dunga deixou a imprensa fora das concentrações, liberou apenas as entrevistas protocolares e, conforme os resultados não chegavam – o Brasil chegou a estar mal no começo das eliminatórias – e Dunga era muito criticado, este reagia com dureza contra a imprensa, no estilo rude da sua personalidade tosca.

Aos poucos a seleção foi se acertando, as vitórias vieram e isso consolidou em Dunga a certeza de seu comportamento era o correto. As arbitrariedades táticas – o jogo monótono, sem criatividade – e de convocação – privilegiando os brucutus no meio de campo, sem dar chance a jogadores eminentemente técnicos, como Alex, Ganso, Neimar, Hernanes, foram sendo referendadas, conforme o Brasil assumiu o primeiro lugar nas eliminatórias, ganhou a Copa das Confederações, ganhando da Argentina e, em amistosos também, de outros times ranqueados na Fifa – como a Itália e Portugal.

O principal problema que o Brasil arrastou até o começo da Copa foi a falta de forma física e técnica de dois dos seus jogadores mais importantes – Kaká e Luis Fabiano que, contundidos nos seus clubes, tinham jogado pouco nos meses anteriores ao inicio da Copa e chegaram à convocação ainda se recuperando. Mas havia outro problema: o Brasil não é mais o celeiro de craques cantado em prosa e verso no passado. Os jogadorres do Santos são ainda grandes promessas, assim como Hernanes, enquanto a Argentina revelou e consolidou uma geração de craques superior à nossa, incluído um fora de série - Messi – que nós já não temos desde o declínio de Ronaldinho. (Messi já era o melhor do mundo há vários anos, quando Kaká e Cristiano Ronaldo ganharam esse prêmio sem merecê-lo.)

Mas o conflito que domina o clima da seleção, até aqui , é outro. As empresas jornalísticas nos saturam de Copa do Mundo vários meses antes, mandam equipes descomunais de jornalistas, se valem de patrocínios milionários e precisam encher seus horários com matérias que deveriam varias de um jogador escovando os dentes até dormindo de pijama. Mas Dunga deixou, como é correto fazer, a imprensa do lado de fora da concentração, para não perturbar o trabalho – inclujindo os agentes, que em outras seleções atuavam ali dentro, assesiando os jogadores. Isso causou mal estas emissoras e serviu como tema de intermináveis e modorrentas mesas redondas, entre comentários táticos sobre a Nova Zelândia e a Sérvia. Principalmente da TV Globo, acostumada a todos os privilégios, que se sente ultrajada ao ser tratada como as outras, sem o acesso privilegiado aos jogadores e à concentração da seleção.

Independente de que o Brasil seja campeão ou não, se siga melhorando seu futebol ou estacione no nível atual, Dunga tem razão, mais além das truculências verbais, que revelam uma personalidade frágil, sem auto controle, pela qual se deve temer em situações de maior tensão (imaginem se, em jogo eliminatório, o Brasil começa perdendo, que topo de segurança um técnico assim vai passar no vestiário, no intervalo, só para imaginar uma situação perfeitamente possível, em que os jogadores tem que ter no banco alguém seguro, controlado, o que certamente Dunga não é.)

Quando o time joga mal, se descarrega nele uma carga desproporcional de críticas (“Treino secreto para isso?”, berrava o caderno da Copa do Globo depois da magra vitória contra a Coréia do Norte, numa vingacinha barata.) Ou, mesmo quando se ganha e se joga bem, se carrega nas tintas ao Dunga não se dar conta que Kaká estava descontrolado e prestes a ser expulso no jogo contra a Costa do Marfim, não interessa se justamente ou não, porque sua visível irritação o deixava na zona de risco de aceitar provocações.

A Globo, como sempre, com sua prepotência, granjeia a antipatia de todos (de que a campanha global contra o Galvão é uma expressão criativa, depois daqueles palavrões com que o Maracanã já o havia brindado: “Tomá no c. Galvão, tomá no c. Galvão”, impossíveis de não serem ouvidos por todos.

Tomara que o Brasil siga melhorando e ganhe a Copa. Pela alegria que trará par ao povo brasileiro. Mas que não se consagre o estilo grosseiro do Dunga. Mas se o Brasil perder, a Globo vai estraçalhá-lo, com um ódio similar ao que tem ao governo Lula – ambos expressões distintas dos limites impostos à Globo, que impotente tem que assistir sucessos que a contrarivam.

JORNAL LE MONDE ENTREVISTA DILMA

O jornal Le Monde falou com Dilma Rousseff e tratou de temas importantes do Brasil. Leia abaixo a reportagem, cujo título é "De Paris, a herdeira de Lula se projeta no cenário internacional":

Dilma Rousseff aproveitou a Copa do Mundo para se projetar no cenário internacional. Em Paris, a herdeira do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, candidata a presidente escolhida pelo Partido dos Trabalhadores (PT, de esquerda), assistiu ao primeiro jogo da equipe do Brasil, no dia 15 de Junho.

Na quarta-feira, sua programação foi mais protolocar. A senhora Rousseff se reuniu com a secretária nacional do Partido Socialista, Martine Aubry, e com o presidente francês Nicolas Sarkozy.

Aos 62 anos de idade, a ex-ministra chefiou a Casa Civil e nunca se submeteu ao teste de uma eleição. O seu principal trunfo é a enorme popularidade de seu mentor, que chega ao fim do segundo mandato com a aprovação de 80% dos brasileiros.

No entanto, esta mulher de personalidade se recusa a ser considerada uma simples continuação do presidente Lula. "O Brasil está vivendo um momento muito especial. Nós podemos passar da condição de país emergente à condição de nação desenvolvida", afirma ela, em entrevista ao LE MONDE. Isso pressupõe a manutenção, durante o próximo mandato presidencial (2011-2014), de uma taxa de crescimento econômico de 5,5% a 6% ao ano.

Bônus demográfico

O governo Lula conseguiu reduzir o número de pobres de 77 para 53 milhões. Porém, 19 milhões de brasileiros ainda sobrevivem em condições de extrema pobreza e outros 34 milhões vivem em condições precárias. "O Brasil deve continuar a expandir a sua classe média e torná-la maioria", afirma a senhora Rousseff.

Na sua opinião, o país dispõe de um "bônus demográfico", uma vez que a maioria de sua população (193 milhões de pessoas) está em idade de trabalhar. Em oito anos, 14 milhões de empregos foram criados. O desafio agora é ter uma educação de qualidade. "A integração das regiões mais pobres do Nordeste e do Norte exige uma força de trabalho mais qualificada. Haverá uma escola técnica em cada cidade com mais de 50.000 habitantes", considera.

O atual governo dobrou o número de escolas técnicas existentes e criou 14 universidades. Para obter recursos do governo federal, os estabelecimentos de ensino estão sujeitos a uma avaliação dos resultados.

O crescimento requer mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento. "O Brasil não se tornou um grande produtor de alimentos só pela qualidade dos seus solos e em virturde de seu clima, mas porque a nossa excelência em pesquisa agrícola permite escolher as culturas adequadas", disse ela. "Grandes reservas de petróleo em águas profundas, sob uma crosta de sal [pré-sal], foram descobertas graças à experiência da empresa pública Petrobras ".

Para superar o gargalo da infraestrutura, o governo Lula lançou em 2007 o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dilma Rousseff também foi apresentada pelo chefe de Estado como a “mãe do PAC”, para melhor ligá-la a sua gestão.

Contribuição de instituições privadas

Segundo fontes não-governamentais, menos da metade dos projetos foi implementada até hoje. A candidata contesta este número e aponta para a relutância dos investidores privados. "O financiamento em grande escala não pode depender exclusivamente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É necessário que as instituições privadas também contribuam, desenvolvendo novas formas de engenharia financeira", afirma esta economista. "A construção das usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio exige cinco anos, e os trabalhos estão bem avançados", acrescenta.

Grandes obras como a construção de Brasília sempre resultaram em um aumento da corrupção no Brasil. O país é frequentemente citado sobre este tema pela organização não-governamental Transparência Internacional. O primeiro mandato do presidente Lula também foi manchado por um escândalo que custou o posto do antecessor de Dilma Rousseff, José Dirceu, ainda muito influente dentro do PT.

"Nossas instituições estão melhorando", afirma a senhora Rousseff. Ela chama a atenção para a transparência das ações do governo e a vigilância da Justiça e do Ministério Público. O governador de Brasília, de oposição ao PT, foi preso pela Polícia Federal por ter recebido subornos, propinas.

A herdeira de Lula não admite demora do governo federal em matéria de segurança, uma questão que preocupa muito a opinião pública. Para evitar o uso do Exército, um corpo de elite, a Força Nacional de Segurança Pública, foi formado e treinado para respostas rápidas. Nos presídios de segurança máxima, foi possível isolar chefes do crime organizado, os narcotraficantes que ocuparam os territórios abandonados pelo Estado.

A senhora Rousseff cita o exemplo do Complexo do Alemão, favela no Rio de Janeiro. "Um teleférico vai abrir a favela e ligá-la ao bairro residencial de Botafogo", diz ela. "A polícia retomou o território, e foram instalados novos serviços sociais: escolas, centros de saúde, esporte."

Rousseff defende a mesma posição que o presidente Lula no tratamento dado ao presidente de Cuba, Raul Castro, e ao do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. "Não se faz diplomacia interferindo nos assuntos internos de outros países", afirma. "As ameaças, o isolamento ou as sanções não levam a nada construtivo", disse ela sobre Cuba e a recente iniciativa da Turquia e do Brasil sobre o programa nuclear iraniano.

Mesmo antes do começo da campanha oficial, a candidata do PT teve êxito nas pesquisas de intenção de voto e alcançou seu principal rival, o social democrata José Serra, ex-governador de São Paulo. Mas, como na Copa do Mundo, nada ainda é definitivo.

Fonte: jornal LE MONDE.

Sexta - Dia 25/06 - Dia Sem Globo

Futebol explica política ao país


Há uma ironia poética em dois episódios envolvendo futebol que terão – ou que tiveram – o poder de explicar política à sociedade como nenhum discurso político jamais conseguiu tão didaticamente. Isso se deve ao verdadeiro amor e à passionalidade que o brasileiro dedica a esse esporte.

O fenômeno “Cala Boca Galvão” e a briga da Globo com Dunga revelam, da forma que o povo brasileiro melhor poderia entender, o viés hipócrita, arrogante, antinacional e sabotador da grande imprensa brasileira, capaz de ir contra os interesses nacionais em temas que vão da imagem internacional do país aos seus interesses comerciais e, se “necessário”, até aos seus interesses desportivos.

Só mesmo o futebol, uma verdadeira religião para os brasileiros, uma paixão quase irracional que lhes ocupa as preocupações de uma forma espantosa e até perniciosa, poderia mostrar que a mídia não hesita em sabotar os interesses nacionais para fazer valer a sua vontade e os seus interesses políticos, ideológicos e econômicos.

Não direi que é novidade a imprensa de um país atacar a sua Seleção de futebol no momento em que ela mais precisa de apoio – durante uma Copa do Mundo, por exemplo. Novidade talvez seja essa imprensa exaltar adversários do time de seu país, quase tentando levar o povo a torcer por eles, e extrapolar críticas à Seleção nacional com a evidente intenção de lhe baixar o moral.

Assistir aos jogos da Seleção pela Globo se tornou sinônimo de irritação para um país que tem todas as razões para acreditar naqueles que detêm todas as condições de vencer a edição 2010 do campeonato mundial de futebol masculino devido à trajetória da equipe nos últimos anos.

Galvão Bueno irrita um povo que entende tudo de futebol narrando os jogos como se fosse uma biruta de aeroporto e enxergando, em campo, o que ninguém mais vê. Atacar e difamar o técnico da Seleção em plena Copa do Mundo é o mesmo tipo de sabotagem que a mídia praticou no limiar e nos primórdios da mais recente crise econômica mundial ao tentar induzir pânico nos agentes econômicos.

O resultado não poderia ser outro. A sociedade brasileira “gritou”, pela internet, “Cala a boca, Galvão”. No UOL, enquete perguntando se o internauta apóia a Globo ou Dunga na briga em que se meteram resultou em um apoio de cerca de 80% ao técnico da Seleção.

Agora, pior do que tudo isso foi a imprensa ficar exaltando outras seleções, sobretudo a da Argentina, e pondo defeitos exagerados em uma equipe do Brasil que tem obtido importantes e animadoras vitórias em campo.

Aliás, tem lógica: a mídia fica sempre contra o Brasil depois que Lula se elegeu.

Basta que um presidente da República apoiado com fervor pela maioria esmagadora da Nação brilhe no cenário internacional, como ocorreu devido ao acordo que logrou estabelecer com o Irã recentemente, para que a mídia trate de desqualificar o feito.

O Brasil tenta conseguir assento permanente no Conselho de Segurança da ONU? A mídia trata de oferecer ao mundo razões pelas quais não devemos conseguir. O Brasil se torna exemplo de boa governança exaltado pela comunidade internacional? A mídia local, naturalmente, vai na direção contrária.

Mas como explicar tudo isso a um povo que só pensa em futebol e Carnaval? Fácil: basta esperar que a imprensa golpista, antinacional, arrogante, delirante e sabotadora se embriague com seus delírios de poder e explique sua natureza nefasta da forma mais didática que se poderia conceber, através do futebol, daquilo que este povo mais entende.

Apesar de eu nunca ter acreditado que uma vitória do Brasil na Copa pudesse favorecer o governo Lula ou que uma derrota pudesse ter efeito oposto – pois, em 2006, perdemos a disputa futebolística e Lula se elegeu -, a imprensa tucana tinha medo disso. Movida por esse delírio, fez, fez até que conseguiu estabelecer uma conexão entre futebol e política.