FABRÍCIO MOREIRA
Eles já foram PFL, Frente Liberal, PDS, Arena, UDN. Hoje, são DEM, ou Democratas, como se auto-intitulam. E depois dessa eleição, o que serão? Ninguém arrisca falar em fim do partido, mas as análises mais otimistas veem o partido saindo decididamente menor das urnas.
Em 2006, o DEM só elegeu um governador – José Roberto Arruda, do Distrito Federal, agora sem partido, sem mandato e sob investigação – e hoje tem apenas quatro candidatos próprios.
Pra piorar, na semana passada o presidente nacional do partido, deputado federal Rodrigo Maia (RJ), foi acusado pelo delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, de ser beneficiário do esquema. Já em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab teve um momento de destaque positivo até agora: quando foi eleito. Desde então, sucessivas pesquisas sobre seu governo apontam crescente insatisfação dos paulistanos.
Ruim para o DEM, ruim também para o candidato que o partido apoia na campanha presidencial, o tucano José Serra, que está à procura de um companheiro de chapa no partido aliado. Um dos nomes mais citados era o da presidente da Confederação Nacional da Agricultura e senadora Kátia Abreu. Mas ela preferiu repetir o caminho já seguido pelos tucanos Aécio Neves e Tasso Jereissati: pulou fora.
Tudo isso soletra inferno astral, na visão dos cientistas políticos.
“O Arruda ajudou a tornar a situação do DEM mais difícil. Fora isso, havia uma liderança nacional, o Kassab, cuja estrela parou de brilhar desde que ele tomou posse, e agora tem a lama jogada no Rodrigo Maia. A probabilidade de uma redução no tamanho da bancada é muito grande”, crê Marco Antônio Carvalho, da Fundação Getúlio Vargas.
”O que o DEM vai perder é o status de um dos dois ou três maiores partidos do país, como é hoje.”
Por enquanto, os cientistas ouvidos pelo Brasília Confidencial acreditam que ainda há espaço para um partido de direita no espectro político brasileiro. Mas não do jeito, ou com a falta de jeito, do DEM.
“É difícil falar em fim, porque o DEM nunca teve lá grande força. O partido vive um momento difícil, mas acho que o desafio dele é ter uma cara nacional, o que agora não me parece muito provável”, avalia Rui Tavares Maluf, professor de Ciências Políticas da Fundação Escola de Sociologia de São Paulo (Fesp).
Já para o professor de direito constitucional da Universidade de Brasília, Said Mamed, dependendo do tamanho do baque nas urnas o DEM deve fundir-se com outro partido para sobreviver.
”Não descarto que eles tentem se juntar com o PPS, que hoje é uma linha auxiliar da coligação do PSDB, ou com outra legenda. Partido algum sobrevive se não procurar ser forte nos governos estaduais e capitais”, sentencia Mamed.
Nenhum comentário:
Postar um comentário