Por Charles Carmo
Não se sabe por que motivo. Até hoje nunca se descobriu. O fato é que as notícias ruins têm muitos irmãos e eles costumam andar juntos. Raramente são vistos separados. As notícias ruins andam em bando.
A última sexta-feira (25/06) pareceu ser o dia do fim da oposição ao governo Lula. A sanfona da Dilma exprimia José Serra na pesquisa CNI/IBOPE. Serra deixava de ser oficialmente o favorito, embora já não o fosse há bem mais tempo. Pior. Serra passava a se preocupar em não perder no primeiro turno. Seria assim o início de sua campanha, num filme repetido e com desfecho manjado.
Dando razão à máxima que diz que tudo pode ser piorado, eis que o deputado Roberto Jefferson postou no Twitter a confirmação da escolha do senador Álvaro Dias (PSDB/PR) para a vaga de vice na chapa de José Serra.
A reação furiosa do DEM e a ameaça de deixar a aliança confirmam, por sua vez, que a escolha de Álvaro Dias como vice de Serra é uma inovação conceitual: a reunião que separa.
Agora o DEM dá um ultimato para que o PSDB anuncie outro nome, de dentro das tropas democratas, até a quarta-feira (30), data da convenção nacional da sigla em Brasília.
Difícil acreditar que o gesto de Roberto Jefferson foi uma empolgação de tuiteiro. Jefferson sabia no que estava mexendo e postou, para depois apagar, que o DEM era um “partido de merda”.
Na política, coincidências não existem.
O problema pode estar mais embaixo. Seguindo suas coordenadas podemos encontrar a motivação para a indiscrição de Roberto Jefferson.
Ganha corpo a teoria do fogo amigo. Parte importante da base de Serra está convicta da derrota. Mônica Bergamo trouxe à baila a notícia de que FHC jogou a toalha e admitiu a iminência da queda. Serra passou a ser um problema a ser administrado pela base oposicionista. Para muitos, seria preciso que esta eleição marcasse o fim da hegemonia serrista na oposição. Com Serra forte, mesmo na oposição à Dilma, não há espaço para a inovação e renovação da oposição, em um cada dia mais possível governo Dilma.
Em São Paulo, o apoio de parte significativa do DEM à candidatura de Aloizio Mercadante, que conseguiu reunir 11 partidos em sua aliança, mostra que outra parte do DEM pode estar se preparando para o pós-Lula, mas não do jeito que se imaginava. Prefeitos do DEM estão subindo no palanque de Aloizio Mercadante, sem medo de represálias. Esta outra parte do DEM buscaria se aproximar de Lula e Dilma desde já.
Os deputados, em pleno processo eleitoral, não amarrarão o seu destino ao de José Serra, que anda com toda pinta de candidato derrotado. Ainda mais sabendo que os maiores erros partiram do próprio Serra.
O vazamento de Roberto Jefferson e sua agressão pública ao DEM parece ser um gesto de um provocador. Uma ação calculada para causar a ira do DEM e, com ela, uma reação do partido. Ato contínuo, a reação dos outros partidos da aliança.
Pode estar sendo gestada uma operação para fritar Serra e criar as condições para uma debandada geral.
Para piorar, outras pesquisas vêm aí. Se estas confirmarem a dianteira de Dilma , como se diz na minha terra, “adeus Maria Preá”.
Via: O Recôncavo
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